Quando eu tinha oito anos eu disse pra mim mesma que nunca mais seria tão feliz. Que ter oito anos seria o auge da minha vida. Como eu pude ter esse insight, não me perguntem. E eu não estou inventando não!
Uma das vantagens de se ter um blog é isso de ficar vasculhando as memórias e come face to face with them. São pensamentos que antes eram só meus e que agora estão por aí afora. A beleza de se poder dividir isso com tanta gente. Sabe-se lá se outras crianças de oito anos há 33 anos pensavam a mesma coisa?
E isso me fez pensar no que me fazia sentir tão bem.
Eu morava no Rio na época. Uma cidade que acho que ainda tinha muito a oferecer a seus habitantes. A beleza e segurança… Minha vidinha se resumia em ir a escola, fazer os deveres de casa, brincar de boneca, jogar amarelinha que minha mãe fazia com fita preta pra não termos que rabiscar o chão todas a vezes, passar parte das férias em BH, na casa da minha avó materna ou no casarão que meus primos moravam. Passar o dia no clube ou ir a praia. Fazer picnic no Recreio dos Bandeirantes quando a Barra era um lugar distante e nós éramos os únicos na praia. Colecionar aqueles palitinhos de plástico que vinham nos picolés da Kibom. Ver o mesmo filme na Sessão da Tarde. Assistir Boa Noite Cinderela no SBT e Os Trapalhões, na Globo. Tomar quisuco e comer mandiopan. Ir ao cinema pra ver fimes reprisados. Comprar material escolar e usar uniforme. Ir a festas de aniversário no Piraquê. Minha mãe passando caladril nas minhas costas queimadas pelo sol. Festas juninas com pescaria. Ir ao Tivoli parque. Ir ao parque Lage e sentir cheiro de jaca. Ir a Nogueira e andar a cavalo puxado por um menino. Ler Monteiro Lobato. Recortar bonequinhas de papel. O natal em BH, a peça de teatro feita pelos primos e a guerra de papel de presentes. Comer torta de nozes da minha avó. Ir a banca de jornal e comprar revistinhas. Comer churros.
Parece muito para apenas 365 dias…
Já sei que agora vou ficar pensando nisso e me perguntando como pude me esquecer de alguma coisa…
Muitos anos depois, me deparo com seu lindo texto, “Bela, e me emociono‼️ continue ‼️
Querida tia, fico muito feliz de voce ter gostado desse texto. Quem sabe eu volto a escrever? Bjs
Nossa, que viagem no tunel do tempo! Eu adorei ser criança também, pena que eu queria crescer… se eu soubesse…
Se voce tinha oito, eu tinha seis. Eu nunca tive esse insight, mas sabia que era feliz.
Algumas coisinhas a mais que vem a minha cabeca para talvez adicionar a sua lista, if it rings a bell to you too:
correr atras de homem da bolinha de sabao na Praia de Ipanema, surrar a irma menor quando irritada ao ve-la treinando ballet em casa (para a sua lista, claro, pois a vitima era eu!), dormir de ventilador com as janelas abertas, fazer album de figurinha, pegar girino com garrafa de coca-cola, achar que hotel e’ coisa de milionario, ter festa de aniversario sem animacao, cantar o hino da bandeira no patio do colegio, fazer aulinha de arte, etc., etc., etc…
Sua sister,
Mariana
PS: Estou AMANDO o seu blog (admito que a segunda vez que leio).